domingo, julho 31, 2005

Não te quero dizer adeus, quero que fiques comigo, que me irrites com as tuas manhas, com o teu falar alto, com a tua maneira de comer e arrotar, com as tuas paranóias. Quero apresentar-te como o meu lutador pequenino, capaz de levar o mundo as costas, e dar uma coça aos Da lai Lamas por ai! Quero poder dizer-te o que são as coisinhas que existem nos iogurtes que tanto gostas, para que servem tantas coisas. Quero levar-te a passear, só nós os dois, e vermos as mais belas paisagens e falarmos com todo o tipo de gentes.

Não fujas! Amo-te

quinta-feira, julho 07, 2005

Poemas a um guerrilheiro que morreu por um ideal..

Estou revoltada! Estou farta de falsos moralismos éticos, economicos, sociais... Vamos ajudar os pobrezinhos porque a ética e a moral assim o mandam, e não porque acreditamos verdadeiramente que é o nosso dever de igualdade como ser humano em tentarmos que essa igualdade passe de uma ideia, escrita em muitos papeis que voam e que se perdem, para um acto puro e sem segundas intenções!
Revolta-me meio mundo não saber que existiram homens que morreram por lutar por passar os seu ideais de igualdade e liberdade à pratica, e que por causa deles podemos estar hoje a escrever nesta coisa que são os tão famosos blogs, sem que nos tenhamos que esconder por detras de uma falsa identidade...
Por isso deixo aqui sentimentos expressos em forma de poesia por pessoas que tiveram o privilégio de viver e conviver com um dos maiores simbolos da luta pela libertação de todos os povos, sem o pretexo de lutas contra a opressão a mascarar a busca por ouro negro.



Hoje amanheci um pouco mais pobre
mutilado de ti
e sinto
uma dor de buraco profundo
no teu lugar.
Por fim
estão em sossego, arrancaram-te
de nós, abriram
uma ferida mais na nossa fome
onde o teu coração era um pão redondo
para a liberdade.
Agora o mundo coxeia do teu lado,
sangra por ti,
diminuiram as razões do amor
e não há quem escape a esta pobreza,
companheiro, irmão
que todos perdemos,
claridade desta manhã recém-fugida.
Não sei como pensar-te, como
dar-te dimensão do que partiu,
encher de futuro a tua ausência,
Ernesto, companheiro,
irmão que nos mataram!

Carlos Casares

Epitáfio para conduzir o Homem

Volto ao caminho com o meu
escudo no braço

Que se faça, do teu sangue, teimosa a consciência do mundo.

Que os que se atrasam recebam nas contas pedaços da tua morte.

És o que quiseste ser: um homem morto: uma árvora.

Serás a morte como foste vida.
Não te perderás: descança em guerra.

David Fernández (cuba)

VIVA CHE

Pela floresta boliviana
molhada de róseo orvalho
pelos olhos negros da índia
no clarão das fogueiras

Pela rocha o precipício
o espinho as silvas brancas
e pelo negro de engenho
que morreu com o teu nome

Viva Che

Pelo sonhos infatigável
como bela flor na fronte
pelos homens que se erguem
em relâmpagos de esporas

Por esses de várias raças
vivo olhar de fogo exacto
pelo futuro que eles beijam
na boca das espingardas

Viva Che

Pelo mundo que vai nascer
tambor de lua e vinho quente
pela América às janelas
de cravo rubro no poncho

Pelo terminar da fome
pela tua voz em todos os ventos
por uma laranja sanguínea
em cada riso infantil

Viva Che

Henri Gougaud (França)