terça-feira, maio 24, 2005

Cores

Dia Amarelo,

Que me pintas o peito de Vermelho,

Bombeando o Azul de volta as veias,

Arrastas o Verde do meu cérebro,

Inundando de Preto a minha alma

E que, no fim, me invades do futuro Branco

sexta-feira, maio 20, 2005

Voltei...

Voltei a estar com os amigos, aqueles de quem sentimos falta e só nos damos conta quando voltamos a estar com eles, e ao ve-los recordamos tempos tão bons, tão loucos, tão livres… voltei a mim mesma, voltei a sentir, voltei a rir!

Pois é, esta queima das fitas de 2005 foi isso mesmo, um voltar a sentir, a sentir como se nunca tivéssemos estado este tempo distantes, e continuássemos a ir para as aulas todos os dias, e ficarmos no bar a jogar as cartas, a conversar, a gozar aquele momento em que não estávamos a ouvir nenhuma matéria seca, com a certeza de que a Renata lá estava a tirar-nos apontamentos, para estudarmos no momento crucial, OS EXAMES!!! Com se continuássemos a trabalhar no laboratório, todos juntos, e nunca tivéssemos parado de brincar com o gelo, ou de fazer filas com os bancos com rodas e passearmos pelo lab enquanto esperávamos pelas placas secarem, ou pelos reagente reagirem… Dois anos passaram, mas este reencontrar aquelas almas que nos acompanharam mais de 8 horas por dia durante 4 anos, fez com que esses dois anos parecessem mais dois meses…


Sim fomos com a fénix, e renascemos das cinzas desta queima, como foi bom ouvir outra vez o nosso querido Bruno a cantar e a fazer as suas observações típicas, o nosso Tiné e o Scully com as suas piadas secas e gestos de ternura para com as meninas ( o pão com manteiga!), voltar ao ambiente alucinado com que andavamos sempre, sempre a rir ate doer os maxilares.

Enchemos o coração de alegria e fomos para um dos nossos meios de cultura, o recinto da queima, e crescemos mais um bocadinho com esse sentimento de liberdade e amizade pura e verdadeira.

Lu, como sempre não podemos perder o fecho desta nossa queima de 2005, e quero que saibas que foi dos melhores dias que passei de queima. Não podia ter escolhido melhor companhia para a alucinação que foi essa noite.

Sim, alucinação, já viste que estivemos mais de 6 horas seguidas em pé e aos saltos… Bem!!!

Foi uma noite cheia de surpresas, quem diria que iríamos estar assim tanto tempo a dançar com o Bruno e com o Aita a aturar-nos, coitado!!! (Mas foi tão bom, vermos que apesar de tudo, o intimo de nós todos não mudou, que apesar de tudo ainda gostamos muito uns dos outros!) Reencontrei antigos amigos, que já não via há mais de 6 anos, e que ficaram tão contentes como eu por os rever, e outra das surpresas foi o que aguentamos de shots, VIVA A SOJA!!!!

Como se não bastasse, todas as peripécias que aconteceram nessa noite ( prontos Lu eu deixo aqui um registo, EU CAI!, desequilibrei-me…) ainda tivemos que apanhar com gunas no metro, sair a meio com uns amigos rastas, muito simpaticos por sinal, e voltar a entrar para voltar a encontrar... MAIS GUNAS!!

Querida Lu,

Foi uma noite memorável, para acrescentarmos a todas as outras que já passamos juntas e sozinhas, como o S. João, em que te fartaste de dar com o martelinho nos pobres dos estrangeiros, e dançamos com emigrantes de leste!!! Quero que saibas que és das únicas a quem posso chamar melhor amiga, porque sempre o foste, em todos os bons, mas principalmente nos maus momentos, e nunca te esqueceste de ligar, ou de perguntar se estava bem e esperar pela resposta. Acompanhas-me há 6 anos e nunca me desiludiste, e por isso quero que saibas e, deixo aqui para quem quiser ler, que te adoro, com todos os defeitos e manias que possas ter, mas principalmente com esse teu coração tão grande e tão solarengo, como é grande e solarenga a tua terra natal. Obrigada por tudo que me tens feito e dito, e desculpa não poder, saber, ou esquecer de retribuir tudo isso.

quinta-feira, maio 12, 2005

Desatinos de uma insónia...

Estou cansada…

Estou cansada desta insónia que insiste em manter o meu cérebro a funcionar, a pensar, a imaginar, a constatar. O que fazer, a quem ligar, quem tocar, amanhã…?

Quero mudar, estou farta de mim, do buraquinho da minha barriga, das pintinhas na minha cara, das cortinas do meu quarto, da TV que não dá nada de jeito, e da minha insistência em mantê-la ligada…

Quero fugir daqui antes que me desfaça em um milhão de pedacinhos e depois não os voltem a colar no mesmo sítio. Sinto cada vez mais que sou parte do estuque, da tinta, da madeira desta casa. Cada canto conhece-me melhor do que quem me viu crescer, estou cansada…

Dói-me a garganta, porque o coração já não sente… começo a pensar que terei algum tipo de anomalia física e o meu coração está no sítio das minhas amígdalas, sinto o pescoço a bombear!

Até os pássaros insistem em não me descansar, 3,37 da manhã e todos animados cantam, porque? Por que raio estão os pássaros a cantar, o que haverá de tão animador lá fora a esta hora?

Mudando de assunto (João Pestana porque não chegas?), tenho saudades, mas não sei bem de quê ou de quem…

Tenho saudades de amizades da adolescência com quem tive aventuras fantásticas, 1ºs amores, 1ªs facadas, 1ºs desesperos, 1ºs cúmplices de escapadelas nas férias, sei lá, tenho saudades de quem eu era e vocês eram.
Já pensei em ligar um milhão de vezes, mas será que se lembram de mim, do livro de aventuras que iríamos escrever, como quando “fugimos” da escola para irmos até minha casa buscar não sei o que, como pretexto para mais uma aventura e todas as peripécias que aconteceram, de irmos para a urbanização em construção andar de patins e das figuras ridículas que fazíamos.

Tenho saudades dos 4, os 4 dos encontros, das idas ao cinema á tarde, das escapadelas para casa de um de nós, de me aparecerem em casa de manhãzinha, só porque á tarde tínhamos coisas para fazer… Das cartas que escrevíamos, dos e-mail, mesmo estando juntos quase todos os dias!

Tenho saudades de esperarem por mim ás 6 da tarde e ficarmos no pátio na conversa e virmos todos a pé para casa.

Tenho desejos das cestas de fruta que não dispensávamos depois de uma aula de aeróbia, quando vínhamos a pé para casa no verão, com o vento a atirar-nos os cabelos para cima do chantilly…

Tanta coisa já se passou, parece que este últimos anos sem vocês não passaram de um grande sono, com bons sonhos e muitos pesadelos e que agora começo a despertar. Por isso os pássaros cantam, para eu acordar, e olhar para a minha agenda, onde tenho os vossos nº de telefone e moradas, e marcar a carta a ser enviada, amanha e não me posso esquecer!!!

Olá!

Como estás, o que tens feito?

Será muito tarde?

Tenho saudades de ser feliz apenas com a possibilidade de concretizar um sonho, de o imaginar, de o afirmar e de não o chorar, o sofrer, o lamentar!

O relógio insiste, 4 horas, ainda sem sono, e com cada vez mais dores de garganta…Agora ladram os cães… Estranha natureza, estranho este meu eu, tive um dia cheio, exames, conversas, aprovações, aflições…estou cansada, mas não durmo!

Hoje será um novo dia, mais um para enfrentar, esperando não o fazer sozinha…

Queria escrever algo poético, interessante, para fingir que eu também o era, mas a minha mácara começa a escorregar...

Boa noite!

terça-feira, maio 10, 2005

MOMENTO VOADO

Que momento foi esse, em que olhaste para mim e sorriste, com aquela alegria que só tu guardas dentro de ti?

Que momento foi esse, em que me abraçaste e beijaste, como se nunca nos tivéssemos separado, e fossemos, durante estes anos todos, uno?

Que momento foi, que passou, desde a ultima vez que te vi, que parece tão saudoso e ao mesmo tempo tão perto?

Que momento foi esse, em que pegaste na minha mão e a acariciaste, em que senti o meu corpo estremecer de sede do teu toque?

Um momento precioso, inserido nos que já passei contigo, que me fizeram recordar de ti, do teu cheiro, do teu riso, da tua boca, das tuas mãos, do teu corpo?

Sim, um momento rápido, onde me lembraste quem sou e porque passeio aqui, em que soube mais uma vez como é bom sentir que temos quem goste de nós ainda pelo que somos, e não pela ilusão criada pela máscara que nos transporta…

Um momento de felicidade pura, como aquele nascer do sol, fotografado na minha memória, em que me enchi de luz, e voei…

"Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam, poderia se encontrado numa só rosa"
Antoine de Saint-Exupèry